Acesso a Orla de Botafogo

Reavivando ideias:
2011
Iniciativa do Jason Prado que nos procurou com a intensão de franquear o acesso ao mar e a vela. Um afloramento rochoso, edifícios empresariais, uma via expressa, clubes e a baia da Guanabara.
∞, muro, muro, muro & ∞
Essa seqüência é o arremate asfixiante de um contínuo de espaços públicos potencializados pelas últimas intervenções na cidade do rio. Intervenções essas que devolveram ao carioca o contato com a orla da baia, iniciando no aquário do porto olímpico e se estendendo pela orla até a enseada de Botafogo onde é interrompida. No limite, no entre, no espaço onde se dá a disjunção, a ruptura, entre um estado e outro da matéria, do público e do privado é onde a vida se expressa. Na dobra entre o plano horizontal e vertical da cidade, na rés do chão. Nessa área são várias as dobras entre planos, mas a potência é tanta que corrompe o ritmo biológico (Illich 1974). É preciso desacelerar onde for possível e se afastar onde a potência prevalece. Os afloramentos são a marca da cidade; os edifícios podem ter térreos comerciais, a via segue sendo expressa, mas seu chão deixa de ser o rés; os clubes já são para muitos mas podem ser para muito mais e, não precisam impedir a linha continua que sege até o pontal no recreio dos bandeirantes. E o mar da baia, enfim será de todos. “Pus meu sonho num navio, e o navio em cima do mar...” (Cecília Meirelles) Em quantos lugares da nossa orla conseguimos colocar nosso navio em cima do mar, que não seja arrastando na areia? O projeto em tela propõe uma intervenção que estabelece costuras, dialogando com a disjunção longitudinal provocada pela compressão transversal de tantas potencias.